domingo, 26 de julho de 2009

As agulhadas

Imagine alguém que tinha medo, pavor, aversão á agulhas.
Agora imaginem que este alguém hoje precisa aplicar injeções duas vezes por dia, e também furar o dedo diariamente, três, quatro vezes, mas já chegou a furar dez vezes num único dia.
Imaginem que esta pessoa sou eu, ou melhor, era eu, que tinha pavor de agulha, e hoje, por ironia do destino, precisa se utilizar dela todos os dias.
Mas é incrível como temos a capacidade de se adaptar ás coisas da vida, não é mesmo? Não digo que não dói um pouquinho aplicar as injeções e furar o dedo, mas já se tornou algo tão comum na minha rotinha, que pra mim já não gostaria mais de viver sem isto, ao não ser é claro, que por algum milagre eu me visse livre da doença, mas hoje vejo o quanto é bom eu poder furar meu dedo todos os dias, e ver que estou no controle (ou quase...), e aplicar a insulina, sabendo que estou fazendo a coisa certa; me cuidando.

Aprendi a conviver com as agulhadas contínuas, e acho até que a dor causada por elas é algo tão suportável, que chega a ser irrelevante, e pelos benefícios que elas nos trazem, realmente vale apena não abrir mão de tantas furadas no dedo, nos braços, nas pernas, pra poder enfim viver uma vida normal. Incomum, mas normal.

Decidi que as agulhas farão parte da minha vida, e aprendi a gostar delas, afinal, odiá-las só me faria mal, e não ajudaria em nada, me traria apenas problemas, e eu não quero problemas, quero soluções.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Diabetes – De sentença de morte á doença da longevidade


Esta não é, de maneira alguma, uma forma exagerada de lembrar a doença.
Houve o tempo em que o diabetes era sinônimo de sofrimento, que não dava esperança nenhuma de vida longa ao diabético. Ter esta patologia, especialmente o tipo 1, antes da tão extraordinária descoberta da insulina, era pior que ser portador do HIV nos tempos hoje, pois nem mesmo drogas capazes de dar um sopro de vida existiam. Se o paciente vivesse mais um ou dois anos, teria vivido muito. Em 1921, esta história começaria a mudar. Uma descoberta feita por Frederick Grant Banting seria um primeiro, e importante salto para o tratamento do diabetes. Confira na página da SBD.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDXdmChI1rhHmgh8qZ1F35TMOxGKUlHRv72HN0W7DtFrCr93cS-spY6er0lDBS82-s_QMYFfdJn8rzLEjGFZkk76BHvZwEf4VtOTM_qEDEc6DTGauS4VV0efvRPGl8s4YM5xa1PXj0n_8/s320/Fredrick_banting.jpg

Mas foi então a partir de 1966 que o diabético ganharia novos rumos para, finalmente, poder ter uma vida normal, ou quase. Confira aqui.


Hoje, tantos avanços na medicina, apoio de ONGs, e quem diria; até mesmo uma grande mobilização por parte dos nossos governantes (nada mais que dever), faz do diabetes uma doença, digamos assim, aceitável. Embora a aceitação não seja bem ainda a realidade - ainda.

Mas após tantas conquistas, lutas e descobertas, podemos ter acesso á tratamento de qualidade, e com ele, passamos a descobrir um novo lado do diabetes, até então inexistente: a longevidade. Agora que podemos viver com o diabetes, é possível até mesmo viver mais com ele, pois vivemos de olho em tudo o que vai à mesa, não optamos, na maioria das vezes, pelo que pode nos prejudicar, antes damos preferência ao que nos faz muito bem, e proporciona saúde. Muito mais que antigamente, damos importância aos exercícios físicos, e permanecemos em constante vigília da doença, e de até, outras possíveis doenças, pois visitar o médico se torna parte da rotina do diabético. Antes, certamente não.

Enfim, somando todos os benefícios que ganhamos com a determinação, em se conviver com esta doença crônica, dês de que tendo a prudência e controle - meta do diabético - ganhamos sim uma vida longa, com mais perspectivas, e conseguimos ver a vida por um ângulo novo; o da superação.

Ser diabético nos dias de hoje, não é sinônimo de infelicidade, mas também não significa uma vida com mais alegrias. Não necessariamente. Só significa que daqui pra frente, teremos um caminho a mais pra seguir, que antes tínhamos, mas fingíamos desconhecer: o caminho da prudência.

E prudência é sim, sinônimo de longevidade.

http://www.fernandopovoas.com/wp-content/uploads/2009/06/diabetes1-300x286.jpg

Confira também este, o primeiro post do blog!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Depois da hipo, a hiper!

http://www.fiocruz.br/ccs/media/far_insulina4.jpg

Poxa, eu estava indo tão bem no controle, e embora tenha tido algumas hipoglicemias que voltaram a me dar sustos, poderia dizer que estava indo tudo muito bem, obrigado. Mas ante ontem foi tudo por água á baixo, e a glicemia novamente viu o 2 na frente, krkrrk!!! 275!
Pois é, este foi o número de ante ontem, mas números anteriores já apontavam pra este índice, pois meu pós-almoço estava 180, quando mais tarde fui medir, já marcava 230, e depois esse ai de 275. Mas até então não seria o pior. Ontem já vinha suspeitando de algo de errado comigo, ou a alimentação, ou alguma outra coisa qualquer, pois mesmo comendo pouco, pouquíssimo na verdade, via a glicemia super alta, e o jejum não foi diferente; 181.

É claro que tinha algo de errado, em alguns momentos aplicava a insulina e ficava sem comer, mas o resultado era o mesmo, superior a 200. O pior índice se deu por volta das 9 da noite, após a janta, chegou a marcar 311! Há mais de um mês não chegava a tanto. Não vi outra possibilidade, senão a da insulina não estar mais validada. Peguei outro frasco e apliquei 13U, sendo que já havia aplicado 20U da outra, que acreditava não estar fazendo efeito. Comi 2 fatias de pão de forma, pra não correr o risco de ter uma hipo á noite, devido á dose extra de insulina, e tomei meio copo de leite. Fui dormir triste com os índices, mas ansioso pra saber se seria este o motivo do meu descontrole.

A hora da verdade 1 – Pela manhã tive pressa em saber do jejum. E a resposta do glicosímetro não poderia ser melhor: 51! Ufa!

Ainda tinha dúvidas se o fator hiperglicemia era bem a insulina sem efeito, então fiquei igualmente apreensivo pra saber o número do pós-almoço.

A hora da verdade 2 – Tantananam... 93! Ufa! (2)

Claro que ainda não era a certeza de que todo os números anteriores não se davam pelo simples fato de eu estar comendo muito, embora não estivesse, então ainda tinha que ter mais um número satisfatório, pra me certificar de que tudo voltaria ao normal em meu controle.

A hora da verdade 3 – Todos os dias há um momento em que é realmente muito difícil a glicemia ficar abaixo de 180, que é o horário do pós-café da tarde. Acredito que isto ocorra porque nessa parte do dia a insulina já teve seu pico, e por isso não tem todo o efeito que costuma ter de manhã. Então fui medir esperando por um número um pouco mais preocupante. E não é que pela primeira vez em muuuitos dias eu vi um bom número no meu aparelinho nasse horário? 135! Ufa!! (3)

Pois é, desta vez vou ficar mais atento para os cuidados que devo tomar com a insulina, eu tenho o costume de deixar fora da geladeira antes das aplicações, pra tirar um pouco o gelo, e às vezes até esqueço. Fica 2, 3 horas lá, quando na verdade, não poderia ficar nem 1 hora sem refrigeração depois de já ter ido á geladeira. Galera, se vocês também precisam da insulina em seu dia a dia, fica uma dica: cuidado redobrado com ela, hen!

domingo, 12 de julho de 2009

Por que um blog sobre diabetes?



Uma pergunta pertinente seria esta, porque um blog sobre diabetes? Já não existem excelentes portais e sites sobre o tema, que passam informações confiáveis e possuem ótima estrutura para transmitir ao portador da doença a informação necessária?
Pois é, já existem muitos sites que fazem tudo isto, então, por que um blog?

Criei este blog no intuito de passar minhas experiências aos queridos leitores, a fim de trazer com elas um lado motivador, uma visão diferente do que se tem encontrado com relação à doença, e o convívio mútuo com ela.

É importante, tanto quanto necessário, deixar as pessoas atentas para os riscos do diabetes, e seus devidos cuidados, mas creio ser preciso mostrar pra quem ainda não aceitou sua condição de diabético, que o diabetes pode se tornar um ótimo aliado para quem quer uma vida saudável. Através do blog, posso não ter estrutura para falar do lado técnico, científico, medicinal - de tudo isso eu ouso um pouco, mas reconhecendo meu entender de leigo - porém eu posso passar algo muito mais importante do que uma avaliação científica: meu convívio diário com a doença, uma luta constante.

Fico feliz em poder partilhar contigo, amigo, leitor, diabético, blogueiro, ou amigo leitor diabético e blogueiro... Sinta-se em casa.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Hipoglicemia - Um pequeno susto

http://www.fitmail.com.br/imagens/fig_12.jpg

Fazia tempo que eu não tinha que me preocupar tanto com a baixa do açúcar, mas nessa segunda tomei consciência de como o diabetes é mutável, e não dá pra relaxar.

Pela manhã tudo ok, minha glicose estava boa, 102 depois do café da manhã, mas o pós-almoço me deixou espantado, nunca tinha visto a glicemia chegar à casa dos 50 neste horário, mas desta vez havia dado 54. Eu estava de saída, super apressado, havia marcado um horário para ir à casa de uma amiga, teríamos um compromisso, e eu ainda ia ter que andar muito. No caminho comi dois ou três biscoitos recheados, e chegando lá, avisei sobre a hipoglicemia. Minha amiga, que já conhece bem minha rotina com o diabetes, me ofereceu um copo de suco e biscoitos recheados, comi, e saímos em seguida. No caminho de volta, nem passava pela minha cabeça que eu ainda poderia estar com o açúcar em baixo nível, chegamos á casa dela, que fica no caminho para a minha, e eu fiquei um pouco lá. De repente senti um leve mal estar, comecei a sentir uns formigamentos na língua, e a soar frio. Minha resposta imediata foi pegar o medidor. O índice foi assustador, pois eu ia caminhar por mais cerca de 15 minutos, se não tivesse voltado á casa dela, e nem tinha noção do perigo: glicose em 38! Imagina se eu não parasse ali para descansar e fazer o destro? Teria desmaiado na rua! Logo me vieram com um banquete de doces, suco, pão, biscoitos, comi na medida, e pude então, tranquilamente, retornar para a casa. Agora ficarei mais atento para as hipoglimemias, pois não é sempre que elas costumam dar sinais de risco antes de um índice como este.

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